- Gielton
Gielton
Sábado era o dia do passeio especial. Ficava ali, na saleta, deitado na porta, com a carinha apoiada no degrau de acesso à área externa. Lia seu olhar.
- Vamos passear?
Bastava entrar no closet e fazer qualquer movimento de calçar um tênis, ou vestir uma bermuda, que se agitava todo. Não disfarçava. Traduzia sua ansiedade com saltos caóticos, latidos intensos ou grunhidos superagudos. Era sua forma de dizer:
- Vamos logo, não aguento mais esperar!
Quando nossa comunicação já estava afiada, sentado, obediente, esperava o enlaçar da coleira. Tremia de tamanha agonia. Assim que se via liberado, saía em disparada, escadarias abaixo, e aguardava o abrir de portas para farejar o mundo.

Revisão: Maria Lucia Pompein Pessoa