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    Gielton

Gielton


Sábado era o dia do passeio especial. Ficava ali, na saleta, deitado na porta, com a carinha apoiada no degrau de acesso à área externa. Lia seu olhar. - Vamos passear?

Bastava entrar no closet e fazer qualquer movimento de calçar um tênis, ou vestir uma bermuda, que se agitava todo. Não disfarçava. Traduzia sua ansiedade com saltos caóticos, latidos intensos ou grunhidos superagudos. Era sua forma de dizer: - Vamos logo, não aguento mais esperar!

Quando nossa comunicação já estava afiada, sentado, obediente, esperava o enlaçar da coleira. Tremia de tamanha agonia. Assim que se via liberado, saía em disparada, escadarias abaixo, e aguardava o abrir de portas para farejar o mundo.




Revisão: Maria Lucia Pompein Pessoa

Gielton


Zé Pequeno

Ainda me dói a lembrança do rebolar frenético na porta da sala. Normalmente vinha acompanhado de pequenos uivos, bem agudos, que se faziam ouvir ainda da garagem. Meu cumprimento era:

- E aí Zé Mulunga!!!

Logo depois um afago na cabeça ou no pescoço. Havia um pequeno redemoinho em seu pelo, do lado direito do pescoço, perto de uma das manchas marrons em seu pelo branquinho, branquinho.

Às vezes, deixava as coisas sobre o piano e me abaixava para ganhar um abraço. Isso, intencional, sabido e aprendido. As patinhas sobre os ombros até o encontro das faces. Uma das formas de mostrar seu afeto e amor por nós, cada um da família, da qual era mais do que parte integrante. Um ser presente, ativo e amoroso.

A saudade ainda é forte, só mesmo o tempo trará alívio. De vez em quando, subitamente, a alma se enche de alegria e ouço.

- Estou bem! Fiz a minha parte. Agora é com vocês. Espalhem amor para os que ainda virão.

Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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