- Gielton
Gielton

Em algum aeroporto aguardando voo atrasado.
- Pai, olha pra mim.
Era uma garotinha meiga, graciosa e espevitada. Dizia enquanto mexia na alça da mala.
O pai, concentrado ao celular.
Ela, animada, insistiu.
- Pai, olha a mágica que vou fazer.
Hipnotizado pelo brilho, manteve os olhos vidrados na telinha.
A pequena, com toda sua formosura, tentou novamente, em tom de voz um pouco mais imperativo.
- Pai, olha. Vou fazer uma mágica!
Desviou a atenção e impaciente disse.
- Joana, deixe essa mochila quieta, por favor.
- Pai, olha, só uma vez, a minha mágica.
Contrariado, virou o pescoço na direção da pequena que, naquele súbito instante, destravou a alavanca da maleta, subiu a alça, abriu os braços e sorriu como se internamente soasse "tam, tam, tam, tam".
O sorriso amarelou, os braços despencaram e o corpo se curvou ao perceber que o pai não estava mais ali. Os dedos teclavam algo "urgente".
Decepcionada, voltou a brincar sozinha. Silenciosa.
Assim, a vida! Urgências...