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  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton

Chegamos em Punta Arenas. Literalmente uma ponta de terra no extremo sul do Chile. Um lugar bem distante, mas não chega a ser o fim do mundo. Mais abaixo, no mapa, ainda tem a Terra do Fogo e depois a Antártida.

Aterrissamos perto da meia noite. Conseguimos os dois últimos lugares em um micro-ônibus para o centro. Fui em pé. De repente, estávamos nós dois, no meio da madrugada, com duas malas enormes em uma grande e deserta avenida. Apesar do avançar da hora, parecia um fim de tarde. A luz solar ainda penetrava o horizonte. No verão os dias são muito longos por aqui. Andamos uns cinco quarteirões até a pousada. Tive medo no trajeto. E se pinta um ladrão? Viajamos a outros mundos como se estivéssemos em nossas terras. Não que não exista violência por aqui, mas, certamente, não como no Brasil.

Às cinco da tarde embarcamos para a Ilha Magdalena. Grande, o barco. Nos sentimos apenas mais dois nas estatísticas de turistas. Atravessamos o famoso estreito Magalhães que, na verdade, é largo pra caramba. Do barco, avista-se terra dos dois lados, mas muito, muito distante. Observando, em detalhes, o mapa dessa região, temos a impressão de que a terra escarrapachou sobre o mar, abrindo seus tentáculos. Um conjunto enorme de ilhas, penínsulas e espaços se formou entre os dois oceanos.

Não imaginava quão legal seria lá. Antes de atracarmos já era possível ver os pinguins, em grande quantidade, cerca de 60 mil, segundo o guia. Em terra firme foi possível confirmar. São muitos, milhares, espalhados por toda a ilha. É de perder de vista. Ficam reunidos em pequenos bandos amontoados em todos os cantos.

Eles migram para essa região para aproveitarem a abundância de incidência solar e procriarem. São muito bonitinhos. Andam rebolando. Alguns caminham de um lado para o outro e, de repente, atravessam bem na nossa frente. De pertinho mesmo, questão de poucos metros. Fazem poses para as inúmeras fotos de turistas abobados.


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É muito fofo o jeito com que bicam seus pescoços mutuamente e como os casais se acariciam. Formam pares dedicados as suas crias. Os pequeninos tem um pelo emplumado mais escuro, tendendo ao cinza. Os adultos, cuja pele é firme, branca no peitoral e preta nas costas, disputam seus pequenos territórios.

Há muito que aprender com os pinguins. Normalmente os casais cooperam no chocar dos ovos e cuidado com os filhotes. Enquanto um deles fica aquecendo o ovo em terra, o outro se lança ao mar em busca de alimentos. Quando regressa, revesam. Há espécies cuja dupla mantém fidelidade por toda a vida. A cada verão, juntos, procriam e zelam por seus novos filhotes.

E o frio? Terrível. Um vento cortante e uma temperatura bem baixa, mesmo no verão. As mãos congelam, o nariz congela, os pés congelam e o "bililiu", nem se fala.

 
  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton

Gielton


Tínhamos um programa em mente, mas ainda não sabíamos a belezura que nos aguardava. Destino: Puerto Varas - Vulcão Osorno - Chile. Olhamos no mapa como sair de Puerto Montt. Nesse tempo, não havia GPS. Moleza, se não fosse uma obra na avenida, que nos retardou uns vinte minutos. Passamos... Caminho afora, chegamos à agência de informações turísticas, compramos um mapa rodoviário e seguimos em direção ao vulcão.


A estrada, super bem cuidada, com uma excelente ciclovia na lateral, margeava o Lago Lanquihue. Que delícia de caminho, mesmo em um dia nublado, porém sem chuva, ainda bem!

Percorremos 45 km até o pé do vulcão. De repente, tudo parado. Uma fila de carros. Qué passa? Uma competição de bicicletas... Esperamos um pouco e logo iniciamos a escalada do Vulcão Osorno, de dentro do carro, é claro. A paisagem se descortinava, cada vez mais deslumbrante. O lago Lanquihue, ao mesmo tempo que se tornava pequeno, visto do alto, ganhava em dimensão, ao revelar toda a sua extensão. Grande, lindo!


Chegamos ao topo. A boca do vulcão estava ali, pertinho, só mais uns 500 m acima. Subimos de teleférico. Lá do alto, tudo era incrível. Não só a bela vista, mas o contato íntimo e direto com mais esse gigante da natureza. Sua ponta coberta de neve, branquinha, branquinha, ora mais, ora menos, à medida que o sol intercalava entre as nuvens, deixava o clima ainda mais propício à introspecção.

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Vulcão Osorno - Chile

Energia? O suficiente para o resto da vida!!!

Beleza? Incomensurável!!!

Vegetação? Nenhuma, apenas uma terra vulcânica preta, tendendo para um cinza escuro.

Ficamos ali um tempo, boquiabertos, sem ter o que dizer um para o outro. Sentei em um banquinho, fechei os olhos e senti a brisa fria penetrando o cachecol. Sensação de pequenez diante do ciclópico. Coração estufado e alma plena de paz íntima. Uma experiência magnífica, transcendental!!!


Revisão: Maria Lucia Pompein Pessoa


 

Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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