ASSIM, A VIDA
- Gielton
- 28 de ago. de 2018
- 2 min de leitura
Gielton

Foi o vovô que, dessa vez, lhe deu banho de Sol naquela fria manhã de junho. Que presente! Peladinho, só de fralda, demonstrava bem estar pelo afago dos raios solares. Na varanda, cor de rosa, o Sol entrava rasante tocando suavemente sua pele macia e sensível. Coloquei-o de frente e tampei, com a mão, seu rosto, fazendo-lhe uma sombra providencial. A claridade certamente incomodaria.
Não pretendia deixar muito tempo, uns dez minutinhos apenas. Enquanto isso, os pais preparavam a água para o banho de banheira que viria em seguida. Eu, animado, relembrava meus velhos tempos. Sou da época de "não basta ser pai, tem que participar".
Levei-o para o quarto. Janelas fechadas para evitar correntes de ar. A luminosidade controlada pelo abajur deixava o ambiente com tom de calmaria. Retirei a fralda e limpei um restinho de cocô. Até o cocô dos netos são graciosos. Que coisa!
Ficou tranquilo dentro da banheira, quase flutuando na água morna. Bonzinho toda vida. Segurei sua cabecinha com uma das mãos enquanto, com a outra, reuni seus braços um no outro, a fim de evitar a sensação de estar caindo. Não deve ser fácil ficar sujeito à gravidade tão repentinamente. Afinal, havia descido do céu há menos de um mês.
Sem mais nem menos, após molhar suavemente sua cabeça, começou a chorar. Primeiro, demostrando um pequeno incômodo, até esbravejar com força. Que berreiro aprontou. Fiquei apertado. Que foi que fiz, meu Deus? Pedi ajuda para agilizar o banho, secá-lo e vestir a roupa. A mãe chegou para acalmá-lo. Sessou o choreiro quando, ainda soluçando, pegou o peito. Que sufoco!
Assim, a vida. Seu caminhar requer cuidado, atenção... A qualquer momento algo pode desandar. Um bolo, feito com carinho, sola; uma palavra, mal dita, dói; um pneu careca fura; um tombo machuca. Assim, a vida. Aprendendo, sempre,
ao longo de seu caminhar.
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