CHEGANDO...
- Gielton

- 4 de set. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de set. de 2019
Gielton
O alarme biológico soou. Eram sete e pouco da manhã. Preparados, aguardávamos o momento desde a última consulta. O velho fusca amarelo nos conduziu sem percalços, e lá, vencemos a burocracia institucional.
Instalados. Ansiosos. Como não? Mesmo depois de toda a preparação? É chegada a hora. Roupas especiais me são fornecidas e adentro o ambiente, supostamente desinfectado.
Estou ao seu lado. Dou-lhe as mãos e inspiro apoio, confiança. Coragem, clama os sentidos. Força, é a ordem do instante. Mais força, e mais, e mais. Até a exaustão, quando lhe parece faltar. Era só aparência, não percebida por ele que, em procedimento padrão, lhe tirou de vez ao aplicar o antídoto da dor. Foi a conta. Perdeu mobilidade. Ficou sem ação.
Mas ela veio assim mesmo, puxada lá de dentro com vigor. Atravessando as entranhas escuras, até a luz. Linda, uma menina. Tão esperada e já tão amada desde tantas outras vidas.
Nossa filha chegara. Ninguém me ensinou a ser pai. Peguei no tranco, junto com ela, ladeira abaixo, destrambelhadamente bem intencionado. No plano da estrada da vida nos curvamos à nossa própria forma de amar.



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