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NATAL

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 8 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Gielton


- Seu irmão chega hoje a noite! - Disse mamãe.

Ansiosa, como nunca, me apressou para levá-la de volta para casa naquele domingo à noite. Mesmo sabendo que chegariam tarde, entrou na padaria e saiu de lá com pães e pães.

A sobremesa do banquete de Natal foi preparada na noite seguinte. A turma toda lá em casa derretendo chocolate belga enquanto as línguas afiadas traziam à tona doces lembranças de antigas histórias. Coisas de família. Afetos de pessoas.

A sobrinha, na atual vibe retrô alternativa, contava sobre sua nova moradia na terra da mãe. O terreno para o novo projeto de vida fora da bisavó. Passado e presente reunidos em uma só pessoa.

Era tarde da noite quando o pirex enfeitado de morangos subiu para gelar no frigobar e deixar o sabor curtir de um dia para o outro. As pessoas desceram, depois de curtirem uma deliciosa noite regrada ao sabor das trocas e toques de amor. Era hora de descansar para o próximo dia de festa no reino.

O cardápio da ceia envolvia um pernil, cujo pé foi cortado à base da segueta e a pururuca feita com óleo quente derramado. Novo encontro, cedo pela manhã, para preparar as delícias da noite trouxe ainda mais proximidade, mais intimidade cultivada por longos e longos anos. Nem sempre fluidos como agora.

O pequeno encantador de almas chegou no início da noite com pai e mãe. Dormia como um anjinho. Que pena, estava louco para abraça-lo. Foi melhor assim.

Aos poucos, foram chegando. Cada grupo ou casal, no seu ritmo, trazia as boas energias para a esperada noite de Natal.

Assim foi. Sentamos-nos à grande mesa. Entre queijos, vinhos e gasosas, falamos de tudo um pouco.

- Ainda bem que comungamos de ideais políticos semelhantes. - Comentou outro integrante da família enquanto o assunto do momento era a situação tenebrosa do Brasil.

O neto, agora bem acordado, andava pela casa. Também ia de colo em colo. Já tem um ano e sete meses e conhece todos pelo nome e pelo rosto. Sabe onde é o nariz, a testa, a bochecha... Purrrrr...

Alguém sugere.

- Vamos distribuir os presentes?

Nos reorganizamos diante da pequena árvore piscante de bolas vermelhas e pecinhas de enfeite. Em volta, entre os diferentes tipos de presentes, um se destacava pelo tamanho. O maior de todos era dos dindos para o afilhado, o mais pequenino de nós. Logo que aberto, tomou em suas mãos a ferramenta como se soubesse montar sua bike sem pedais. O sorriso denunciava a satisfação e pleno entendimento da situação.

De embrulho em embrulho, de graça em graça, de alegria em alegria, a cada novo papel esparramado no chão nos enlaçávamos mais e mais.

Menos valia o conteúdo. Mais, a intenção. Essa, sim, coberta de benquerença, fazia do simples, grandes significados, enormes desejos de mais e mais carinhos. Quantos braços se encontraram entre corpos, em abraços mais do que afetuosos naquela noite.

Os pacotes do início, bem arrumados, deram lugar aos papeis de presente espalhados, na mesma proporção da felicidade sem medida do momento.

Hora da ceia?

- Vamos gente, nos sentarmos à mesa novamente!

Que difícil reunir todos. Quando tudo parecia se encaminhar, de dentro da cozinha, ouvia-se choros incontidos de emoção das concunhadas. Uma no braço da outra em um abraço inesperado era o sinal de que algo a mais naquela noite havia acontecido. Uma esperança e um antigo desejo de celebrarmos longe das encrencas que carregam toda e qualquer família.

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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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