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Gielton



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Levantei muito cedo, faltando alguns poucos minutos para o nascer do Sol. A vista privilegiada da varanda do quarto e a super lente do celular produziram lindas fotos. Mais lindo foi o momento. A luz submersa no horizonte, trazia à tona tons de rosa em degradê para o amarelo, cada vez mais intenso, enquanto a Terra girava. As partes da bola de fogo cortando tímidas nuvens no horizonte deixava ainda mais misterioso o que viria a ser. Até que, vencendo esse obstáculo inicial, o rei majestoso se apresenta trazendo consigo ondas de luz sobre as águas. Essas sim, calmas, quase paradas em uma grande baía protegida, lá de longe, por ilhas e arrecifes de corais. Não foi de perder o fôlego, mas de fazer a alma flutuar.

 
  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton

Gielton


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Ah, o mar. Sempre me surpreendo com seu estado de imensidão. A lonjura infinda horizonte a fora me surpreende a cada novo encontro. É forte o bastante para nos derrubar. Porém, como a palma da mão segurando uma miniatura, nos sustenta e acolhe quando flutuamos entregues à sua sorte. Assim, a vida, exige força e movimento. Ao mesmo tempo leveza e ondulação. Ir e voltar, às vezes permanecer, antes de seguir adiante. Quanta sabedoria há nessas águas.


A praia larga, grande, de areia durinha e tom amarronzado, fracamente iluminada pelo tardar do dia, deixa a paisagem ainda mais exuberante. O cenário contribui para encontros comigo e aproximações com outros.


Meu pé direito ainda dói. Motivo para subirmos em uma pedra e sentarmos. Além de apreciar o mar um pouco do alto, é possível sentir a brisa. Diferente da cidade. Aqui é úmida e deixa a pele grudenta. Recosto a cabeça sobre um murundum e deixo a energia fluir sobre corpo. De vez em quando um encostar de mãos trás a presença da companheira do lado. Algumas trocas de palavras, impressões. Um jeito carinhoso de estarmos juntos, conectados um no outro, conectados ao à toa. Sem pressa, sem afazeres urgentes.


De repente, dois meninos sobem a grande pedra. Estão brincando de arma, cada um com seu galho na mão a atirar de mentirinha. Uma jovem desce a pedra. Para, avalia o melhor caminho. Desce um pouco mais. Para novamente. Olha para um lado. Olha para outro. Decide. Desce mais um pouco, se abaixa para não cair e cuidadosamente alcança a areia. Na praia vejo um casal com três filhos homens. Penso: coitada, quanto aturar!!!


E assim, sacando as pessoas, percebendo o entorno, chego de novo a minha mulher. Bem do meu lado. Pertinho, pertinho. Quanta intimidade para calar ou falar quando der vontade. Para agradecer a presença e estar conectado. Para agradecer a viagem, o lugar, o dia, a hora. Como nos damos bem...


Assim, a vida, de instantes únicos e singulares, o amor comparece na sua forma mais simples, ou quem sabe, mais complexa.


Privilégio encontrá-la nessa existência. Obrigado, "Papai de céu".

 

Atualizado: 18 de set. de 2018


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Resolvemos ir direto para Perito Moreno - Argentina - antes de passarmos no hotel. Valeu a pena. Sabíamos, das leituras dos guias e das conversas com pessoas, que os glaciares são lindos, mas nada como a experiência pessoal vivida para trazer seu próprio significado. Tanto é que descreve-la não será uma tarefa fácil.


Primeiro, a grandiosidade. A perspectiva do gigantesco bloco de gelo incrustado entre duas montanhas, visto do alto, causa uma espécie de perplexidade. Icebergs enormes, pontiagudos nas extremidades, se juntam, uns nos outros, formando um conjunto de pura magia, da qual os olhos não alcançam. É preciso ativar outros sentidos. Algo para além do humano.


O caminho natural é descer por uma passarela de metal muito bem construída. Aos poucos, nos aproximamos do grande bloco de gelo, que começa no final de um extenso lago. Estamos agora a vinte metros, apoiados em um corrimão. Vamos nos encantando a cada olhar... Mesmo com o frio de cortar e, às vezes, um vento penetrante seguido de pingos de chuva, não se quer fazer outra coisa além de apreciar essa brutalidade da natureza. Fotos e mais fotos... Novos ângulos, outros mais... Seria o desejo de eternizar esse momento e captar as sensações indescritíveis?


O fato é que, estranhamente, ouve-se um silêncio em meio ao grande número de turistas. As pessoas sussurram baixinho, como se respeitassem instintivamente essa obra divina. Não cabem gritos, gestos bruscos, agitação. Os glaciares se impõem e nos deixam estupefatos diante de tamanha grandeza.

Ficamos hipnotizados, inebriados... Uma paz nos invade e o desejo permanece em apenas sentir essa forte energia imanente. Nada de explicações ou teorias. A experiência interna transcende qualquer tentativa de intelectualidade. A sensação de preenchimento, mesmo que momentâneo, da alma, traz um bem estar inigualável.


Depois de um café quentinho na lanchonete, voltamos outros para o mundo real. O amor fortalecido pelo compartilhar, a dois, essa vivência de instantes de plenitude.

 

Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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