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DE VOLTA

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 22 de set. de 2021
  • 2 min de leitura

Gielton



Entre o automóvel e a bicicleta, optei pelos pés. É que os passos em ritmo e cadência movimentam o pensamento. Queria sentir e pensar. Nem sei ao certo quem vem antes e como separá-los. Sei que caminhar costuma assentar fantasmas.


Veio medo! O invisível que tem atormentado a humanidade ronda. Afinal, alguns prognósticos indicam curvas ascendentes. Uma tênue luz no fim do túnel ilumina a sombra. Há variantes que se espalham rapidamente e o contato de perto com muitos ao mesmo tempo lhe oportuniza multiplicar. Posso me infectar. Já estou vacinado! Um alento?


Saberia realizar meu trabalho de antigamente? Há mais de ano outros métodos, outras formas de fazer tomaram o lugar, comum de antes. Então, o velho em capa de novo apreende o coração. Esse sim, pulsa a cada batida dos pés no asfalto. A respiração sufocada pelo pano me deixa mais ofegante ainda. Calma! Vai dar tudo certo! Odeio esse estímulo otimista.


Na descida final os ânimos estavam mais calmos e a palpitação mais equilibrada. Algumas incertezas acomodadas na mente, como abóboras no carro de boi, nutriam uma espécie de tranquilidade. Longe de uma paz celestial, apenas um encarar a realidade sem adivinhar ou prometer nada a mim mesmo.


— Hã? Ah sim, pode medir a temperatura na testa. Posso entrar? Não tem mais cartão magnético?


Estranho! As cores são outras, apesar dos primeiros degraus continuarem no mesmo lugar. Relembro os antigos espaços reconstruídos como em um passe de mágica. Parece que foi ontem, no entanto o Sol já rodeou. Tudo velho de novo!


Revivi antigas práticas. Surpreendo-me. São válidas ainda! Vi com meus próprios olhos o quanto diz o olhar. Alguns pares se mostraram atentos, desejosos e curiosos. Outros, indiferentes. Parecem não saber o que fazer. Expressam desânimo, carência... Há dramas nas almas!


Em pé diante de meus alunos sinto a boa energia da troca. A sutileza do humano nesse vai e vem de algo apenas sensível para além da pele alimenta esse novo estado das coisas. Fortalece nossas certezas de que ainda é possível. A interação passa por entre as carteiras e o quadro (agora touch). A voz que emana por trás da máscara chega aos ouvidos e se conduz aos corações esperançosos. São adolescentes em busca de referência, atentos ao nosso estar, reaprendendo a ser humano, aos poucos, outra vez!


Assim, a vida! Depois que passa, tudo volta a ser outra coisa!


Imagem do post em <https://pin.it/5ong3MB>


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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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