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EIXO

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 5 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de jun. de 2023

Gielton



Balançando entre as emoções

Gosto de pensar em eixos. Eixos do pensamento que, como um fio me conduzem a dimensões distantes, a ideias preenchidas em um todo simultâneo.


A Terra, por exemplo, possui um eixo, imaginário é claro, como aprendi com os professores de Geografia, lá pela quinta série. Mas, para que esse eixo? Relaciona-se à sua rotação, ao seu equilíbrio? Afinal, a Terra precisa se manter estável em torno de si. Firme em seu trajeto rodeando o Sol para que a vida transcorra em sua superfície.


Medito sobre meu eixo, imaginário, lógico. Visualizo-o vertical, iniciando no centro da cabeça, descendo pelo centro do tórax até tocar o sexo. Acompanha meus movimentos, segue comigo onde quer que eu vá. Interage com outros que afetam-se mutuamente. Eu que o estabilizo ou ele que não me deixa tombar? Sei lá, talvez um pouco de cada!


Por estímulos banais ele arreda de lado e inclina-se. Pode ser uma frase mal dita, um pedido não atendido, o leve tocar feridas em cicatrização, um sonho, aquele repentino café quente queimando a língua, um tropicão na pedra da trilha... As emoções pesam exageradamente sobre a balança descalibrada. Sei apenas que só percebo tempos depois. Lerdo eu, né?


Com o veio pendente e bambo como uma fina corda pendurada, desestabilizo-me. Faço das pequenas coisas armadilhas da alma que, ingenuamente, se deixam capturar como uma presa. Tolhido, o ser interior se contorce e esperneia como um besouro de costas para o piso. Entra em transe, em recorrências, gira atonitamente sobre si mesmo. A gangorra vai e volta enquanto a consciência se transfigura pelo caminho.


Uma noite bem dormida, uma película amorosa, um devaneio, aquele Jazz bem executado, seu time de futebol triunfando, sua mulher lhe acarinhando, podem aprumá-lo. O centro se restabelece. Liberta a alma das amarguras de outrora. O outono de folhas secas transmuta-se em primaveras floridas.


Aí sim, resgato minha essência. Reconheço-me. Encontro o amor dentro do peito e a paz no canto dos pássaros e na fina chuva do entardecer. Uma leve sensação de plenitude me habita.


Esses dias, uma cachoeira me deixou assim, como a Terra que gira suave sobre si mesma sem tontear. Deixei a ducha gelada leve como uma pluma, quase sem gravidade, volteando em harmonia com nosso planeta. Enquanto o Sol incidia luz e calor sobre a rocha, meu corpo nu se aquecia.


Assim, a vida.


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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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