NOVA COMPANHEIRA
- Gielton
- 4 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de ago. de 2022
Gielton
Não foi amor à primeira vista. Como bom mineiro, desconfiado, coloquei um pé atrás. Melhor esperar. Oferecer meu coração assim todo de uma vez? Não! É preciso cautela. As feridas da vida exigem prudência. Afinal, pequenos esbarros podem descolar as casquinhas recém cicatrizadas.
Ela, acabrunhada, se escondia. Revelar-se de todo talvez fosse uma estratégia arriscada para quem ainda está se conhecendo. É certo, sua tenra idade dava sinais de imaturidade. Havia medo. Esse, revelado quando se entocava em algum canto da casa.
Em pouco tempo identificamos os prazeres a dois. A proximidade física é sinônimo de bem estar. Nessas frações de tempo, o simples acariciar conecta os laços. Como pequenos fios de energia, esses sinais bidirecionais vão e vêm. Assim que captados são imediatamente traduzidos em puro deleite.
Ambos apreciamos boas e longas, caminhadas. Às vezes permanecemos lado a lado enquanto os pés avançam aos passos. Outras, mantemos certa distância de respeito ao que cada um trás dentro de si. O silêncio, muitas vezes, é uma forma preciosa de comunicação.
Adoramos cachoeiras. Vamos juntos, a qualquer hora do dia. Eu, sem medo da temperatura, adentro o riacho, recebo a ducha e permaneço. Depois, "quento o Sol" escarrapachado na rocha. Ela prefere o movimento. Andar nas pedras, subir, descer. Um certo desassossego impulsiona seu estar. Mesmo assim permanecemos sintonizados.
Por algumas vezes nos distanciamos. Dias e mais dias sem encontros. Não importa o motivo, mesmo que esteja atarefado com a mente ocupada, a saudade chega de mansinho e se instala. O pensamento vai lá e pergunta: será que ela está bem?
Ah, o reencontro vem recheado de abraços calorosos. A alegria dessa hora é "incontível". Os pulos dos corações saltam alturas inatingíveis. Tudo espevitado até que a calma se reinstale. Aí, ela deita-se ao chão para receber cafuné na barriga. De patas para cima entrega-se como ninguém ao momento. O desejo desvairado a faz lamber meus pés, mãos, cotovelos. Quer morder, farejar...
Hoje, quase sete meses depois do nosso primeiro encontro, posso dizer com toda certeza: nos amamos. Maia, minha nova companheira: seu latido rouco conquistou meu coração.
Assim, a vida! Amar nunca é demais!
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