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Atualizado: 14 de set. de 2022

Gielton





Alguns gostam de planos. Sentem-se seguros com ideias organizadas e ações em rumo. Primeiro isso, depois aquilo. Impõe ordem ao tempo que, caótico, os desprezam. São um nada diante de sua vastidão. Imagine! Quanto tempo já se passou desde o Big Bang?


"Coisa que gosto é poder sair sem ter planos", como diziam Milton e Fernando Brant, tem aqueles que preferem a vida em outra pulsação. Como que suspensa por um fio prestes a tombar. Basta um escorregão e... Tibummm! Sem controle, sem nexo, sem necessidades...


De toda forma, olhamos para frente com as viseiras do desejo. Enxergamos através das lentes do interesse iminente. Nossas escolhas ancoram-se em prognósticos do logo em seguida, do quase instantâneo.


De repente, uma tecnologia "lentea". A mensagem sem "vezinhos" azuis abre um vazio atulhado de fantasias. A bola ricocheteia a trave e, por segundos, o time do coração fica em segundo. Veio a menor do estudo a nota da prova. Ela tanto merecia. Conjecturam!


E quando o arroz queima? A batata assa a mais! O delivery, tão esperado, atrasa... Ah, que mundo injusto! Oh Deus desatento. Levou tão cedo a melhor amiga. Ainda tão viva e com tanto a ofertar! Que bobeira deixar escapar diante do nariz a melhor decisão na hora certa. Esse pneu tinha que furar, logo agora, em meio à tempestade? Quanto azar!


Será que deu certo? Ou deu errado? Algo saiu do previsto, mesmo que o augurado seja sem profetizacões exatas!


Vivemos mergulhados em uma atmosfera que turva nossa visão. Pouco percebemos além do tempo. Menos ainda à distância. Somos como fotografias que flagram cenas átimo a átimo. Limitados em nossa própria densidade avistamos quase nada além da luz.


Assim, nos é impossível conectar ao futuro próximo, mesmo que seja do pretérito. Os "ses" já não adiantam mais. Além da clareira há espaço e direções inimagináveis.


Então, pode ser que o plano não concluído seja a razão do sucesso obtido. A demora indesejada, a salvação do acidente no asfalto. A gestação interrompida, a esperança de outra vida em curso...


Ah, quão pequenos somos diante de olhares amplos dos quais, às vezes, só compreendemos tempos adiante. E olhe lá! Quando, por ventura ou desventura, encaixamos alguma peça do enorme quebra-cabeça da vida. Jamais saberemos, de fato, a razão dos fatos!


Assim, a vida. Por trás de cada falha uma justeza por esperar.


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  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton

Atualizado: 22 de set. de 2022

Gielton





Queria escrever sobre a maldade, mas nem sei se ela existe. Talvez saltite por aí, pegando um ou outro desprevenido em encruzilhadas do pensamento. Travesseiros, mesmo os de penas mais macias, podem não suportá-la, tamanho o peso que impõe à consciência. É que ela gosta de atormentar. E como!


Ah, a maldade... Se traveste de bem querer, de generosidade, de bondade. Oferece a maçã como isca para, depois, abocanhar os incautos. Os enlaça com doçura antes de sufocar. Aí, já era. O mal já foi feito. O negócio vantajoso já onerou. O lucro financeiro sobrepujou. O prejuízo estabeleceu-se.


Ela leva vantagem? Quando? Nas aparências, talvez. No sucesso às custas de algum tombo. No roubo do amor declarado. Nas intrigas que distanciam. Só que, ninguém sabe o que virá depois da queda ou se outro amor resplandecerá. O longe pode aproximar outros.


Esses dias ela acercou-se de mim. Chegou perto, falou baixinho ao pé do meu ouvido. Fustigou desejo de vingança. Em mente dizia: "Então, tá! Se é assim, o troco será maior que se espera". Senti sua presença nas redondezas. Orbitou a mim e ao outro. Confabulou com os dois, cada qual em sua intimidade. Trapaceou!


Deitei. Fechei os olhos. Deixei o coração tremer de raiva e a mente borbulhar em pensamentos. Mantive o estado até aquietar-me um pouco. Foi a conta! Fluiu espaços entre os buracos do meu ser. Levei dos pés à cabeça. Depois, de volta, algumas vezes seguidas. Permaneci imóvel. Os sons, aos poucos, emudeceram-se. De dentro veio algo surpreendente. "Você não preciso disso. Aquilo que parece imprescindível, não o é! Deixa a vida trazer o que for para ser. Seja feliz nesse estado, em desapego".


Assim, a vida. E se a maldade bate à porta?


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Gielton



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Entre o automóvel e a bicicleta, optei pelos pés. É que os passos em ritmo e cadência movimentam o pensamento. Queria sentir e pensar. Nem sei ao certo quem vem antes e como separá-los. Sei que caminhar costuma assentar fantasmas.


Veio medo! O invisível que tem atormentado a humanidade ronda. Afinal, alguns prognósticos indicam curvas ascendentes. Uma tênue luz no fim do túnel ilumina a sombra. Há variantes que se espalham rapidamente e o contato de perto com muitos ao mesmo tempo lhe oportuniza multiplicar. Posso me infectar. Já estou vacinado! Um alento?


Saberia realizar meu trabalho de antigamente? Há mais de ano outros métodos, outras formas de fazer tomaram o lugar, comum de antes. Então, o velho em capa de novo apreende o coração. Esse sim, pulsa a cada batida dos pés no asfalto. A respiração sufocada pelo pano me deixa mais ofegante ainda. Calma! Vai dar tudo certo! Odeio esse estímulo otimista.


Na descida final os ânimos estavam mais calmos e a palpitação mais equilibrada. Algumas incertezas acomodadas na mente, como abóboras no carro de boi, nutriam uma espécie de tranquilidade. Longe de uma paz celestial, apenas um encarar a realidade sem adivinhar ou prometer nada a mim mesmo.


— Hã? Ah sim, pode medir a temperatura na testa. Posso entrar? Não tem mais cartão magnético?


Estranho! As cores são outras, apesar dos primeiros degraus continuarem no mesmo lugar. Relembro os antigos espaços reconstruídos como em um passe de mágica. Parece que foi ontem, no entanto o Sol já rodeou. Tudo velho de novo!


Revivi antigas práticas. Surpreendo-me. São válidas ainda! Vi com meus próprios olhos o quanto diz o olhar. Alguns pares se mostraram atentos, desejosos e curiosos. Outros, indiferentes. Parecem não saber o que fazer. Expressam desânimo, carência... Há dramas nas almas!


Em pé diante de meus alunos sinto a boa energia da troca. A sutileza do humano nesse vai e vem de algo apenas sensível para além da pele alimenta esse novo estado das coisas. Fortalece nossas certezas de que ainda é possível. A interação passa por entre as carteiras e o quadro (agora touch). A voz que emana por trás da máscara chega aos ouvidos e se conduz aos corações esperançosos. São adolescentes em busca de referência, atentos ao nosso estar, reaprendendo a ser humano, aos poucos, outra vez!


Assim, a vida! Depois que passa, tudo volta a ser outra coisa!


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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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