ENTRE IR E FICAR
- Gielton
- 16 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Gielton

A morte é espelho da vida. Refletem uma sobre a outra como se tocassem no horizonte. Não como retas paralelas. Afinal, há entrelaçamentos óbvios. Em fusão, seguem unidas, pois o rasgo entre ir e ficar é tênue. Apenas uma forma de estar.
Em Terra refletimos os sentidos.
A dor penetra e arde. Faz do choro sua expressão. Às vezes contido, outras, intenso. Poças de lágrimas não dizem mais ou menos do que pequenas gotas escorridas. O que se passa aqui dentro só eu sei. Quase não dá para traduzir em palavras...
A ausência mal se consumou. Já é saudades. Não haverá mais aquele telefonema indagando "onde você está", nem o cafezinho da tarde ou a insulina da noite. Isso, sem contar na promoção das inúmeras viagens em família, das festas que produziu, dos encontros que perpetuou. Refilmar tantas cenas em mais de noventa anos de existência, seriam páginas e mais páginas, sem fim.
O sorriso de muitos tempos cristaliza-se em apenas uma lembrança, uma foto, um instante. Escolher a última imagem que fica, de preferência a que fala da emoção, que traz algum sentido de existência é apenas um detalhe que diz muito. Fiquei com o semblante leve do lencinho sobre o rosto como na brincadeira de criança: "cadê? achou!". Só nós dois sabemos.
A velhinha e sua bengala perdida caminham agora em outra dimensão. Fico imaginando os passos lentos ao encontro de tantos. A alegria será marca desses reencontros que, apesar dos anos, é tão vivo quanto a morte.
Assim, a vida. Siga em paz mãezinha...
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