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HISTÓRIA DE PESCADOR

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 16 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de mai. de 2023

Gielton






Tinha exatamente dezoito anos quando esbarrei com minha primeira pescaria. Fui de motorista da turma: amigos de rua e vizinhos queridos. A carteira de condutor era novinha em folha. No entanto, já pilotava a Vemaguet do meu pai desde muito antes. Levei e trouxe todos em segurança.


Ah, peixe? Nada. Nadica de nada. Nenhunzinho para entrar nessa história. A "belilança" e "comilança" foram minhas companheiras de acampamento. Adorei o passeio com os amigos.


A segunda e, até hoje última pescaria, foi em um afluente do rio Solimões. Lá no Amazonas. Aí você diz: deve ter sido massa! E foi.


Nessas férias, ao invés das corriqueiras praias do norte do Espírito Santo, nos arriscamos em um hotel na selva amazônica. Dormimos em palafitas. Embaixo, jacarés cochilavam conosco. À noite, uma sinfonia em estéreo penetrava os dois ouvidos. Jamais ouvi tanta variedade de sons harmonizados. Uma viagem de tirar o fôlego! Em todos os sentidos!


Em uma quarta à tarde fomos à famosa pescaria de piranhas. Isso mesmo, aquele peixe dentuço. Carnívoro, morde e trás pedaços de suas presas. Tudo com muita segurança. Imagina!


Era uma canoinha a remo. Pequena mesmo! Amontoados nela estávamos os cinco, pais e filhos, além do remador e guia. Cotovelos e joelhos se esbarravam enquanto o equilíbrio precariamente se estabilizava sobre as águas.


Cada um recebeu uma vara de bambu com anzol na ponta. Sobre a canoa, as iscas. Pedaços de frango. Nem sabia que piranha gostava de frango. Enquanto o guia procurava um cardume - deve haver muitos - minha filha sentada no meio da canoa emerge sua vara. Assustou-se quando viu a piranha dependurada na linha do anzol. Amedrontada com aquela bocarra dentuça balançou aquele peixe, para lá e para cá. Cruzando a canoa de um lado para o outro gerou um frenesi que quase nos colocou dentro do rio... Ah, se virasse... Aquela piranhada logo ali debaixo.


Passado o susto, seguimos. De repente ele, o guia, parou e disse olhando para as águas escuras do rio.


— Acho que aqui está bom. Tem muita piranha aí embaixo.


Pensei com meus pedaços de frango: como ele sabe?


— Peguei, peguei!


Gritou o filho do meio. Todos apreciaram a piranha voando. Dessa vez, com calma, o guia pegando em suas bochechas, estufou os dentes "da bicha" para fora e a livrou do anzol. Era a segunda piranha dentro do balde balançando até morrer afogada.


Às vezes, sentia algo na ponta da minha vara submersa. Curioso com a possiblidade e desejoso pelo sucesso, levantava. O anzol subia sem frango.


— A danada comeu minha isca...


Assim, de repente, o mais novo trouxe outra piranha. Veio outra mais na vara da minha mulher. E outra, e outra... Tinha mesmo um cardume bem perto de nós. Foi um festival de piranhas dentro do balde. Falando assim, nem dá para acreditar, mas é verdade!


Eu, atento a tudo e a todos senti a fisgada... Agora vem. Decepcionado, repetia.


— Danada, comeu minha isca. De novo!


O barquinho foi se enchendo de piranhas. Cada um pegou pelo menos umas cinco. Eu? Fiquei na "danada, comeu minha isca outra vez"... Virei piada o resto da viagem. Grande pescador!


Assim, a vida! Tem piranha para todo lado, menos na minha vara...


Imagem do post em <https://pin.it/6mnoBxL>

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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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