top of page

MISTÉRIOS DO LIVRO AZUL 14|14 — O BANHO

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 19 de nov. de 2023
  • 2 min de leitura

Gielton



Água caindo de um chuveiro



Na manhã seguinte, Moacir deito- se novamente na mesma posição. Deixou os ombros relaxarem enquanto as energias do corpo eram mobilizadas. Sentia cada vez mais a tal fluidez que vinha junto a um enorme bem estar.


O sonho acordado desta vez o levou a um castelo medieval. Sobre uma mesa, muita comida, farta e variada. Homens barbados riam em gargalhadas sobejas. Os sons se misturavam ao emaranhado de mãos agarrando coxas de frango, pés de porco e taças metálicas de vinho.


Moacir ao centro participava e tinha domínio da cena. Ele, então, se levanta. Caminha até o canto. Os sons se distanciam. No cômodo ao lado mulheres seminuas se mostram. Moacir escolhe uma. A rejeita. Escolhe outra. Não a quer mais. Os olhares melancólicos não escondem a farsa de movimentos sensualizados. Quando uma mulher de semblante apaziguador lhe estende a mão, Moacir retorna. Abre os olhos. O teto está no mesmo lugar. Os pulmões continuam respirando.


Algo lhe impeliu para um banho matinal. Estava conectado consigo, com os outros, com o mundo, com as vidas... A água quente e volumosa caía sobre os ombros. O estado de perplexidade ainda lhe tomava o ser. A protuberância de sua barriga vista de cima lhe causou estranheza. Estava maior do que o normal. A água descia. A barriga começou a contrair-se, como se um filho dali fosse nascer. Sentiu náuseas. O ser deveria ser expulso pela boca. Tomado por uma intuição maior, Moacir expele pela boca, através de uma força intensa, algo não visível. A barriga murchou... Moacir não teve medo. Enfrentou. A voz vinda do alto da cabeça comunicava sua enorme decepção. "Somos companheiros de anos. Você vai me abandonar agora". Em um relance de lucidez Moacir ouviu de si mesmo "vamos abrir mais uma".


Compreendeu tudo e falou por dentro da cabeça. "Amigo, é para o nosso melhor. Temos que nos despedir agora. Não estou contra você, estou a favor de mim, de nós." Moacir sentiu uma rajada de raiva. O tom da voz interna eloquente e imperativa afirmou: "fraco como é, julga-se capaz de se libertar de mim?"


Com calma e astúcia Moacir repete. "Caro amigo, é chegada a hora de nos despedirmos. Preciso continuar minha marcha. Você, a sua. Sei que estará amparado. Adeus."


Ao entrar na cozinha ainda de cabelos molhados Clarisse espantada diz.


— O que houve com seu rosto? Quem te arranhou desse jeito?


Moacir disse.


— Quero apenas ser eu. Não bebo mais.


<Imagem gerada por Inteligência Artificial>

Komentáře


Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

  • Ícone de App de Facebook
  • YouTube clássico
  • SoundCloud clássico
bottom of page