MUSICANDO...
- Gielton
- 25 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Gielton
Amizades? São muitas! Tantas nessa vida que nem dá para contar. Ainda bem! Tem para todos lados e de vários ramos. São como folhas de samambaia despencando no xaxim. Algumas tão distantes do vaso que nem enxergamos mais, outras mais próximas, se alimentam da mesma seiva.
Há uma "thiurma" especial. Somos da música, da cantoria, do soltar a voz sem medo de ser feliz. Vivemos em roda, de violão. Alguns optam pelo vinho como acompanhante. Outros são adeptos das cervejas artesanais. Há também os que ficam apenas na gasosa. Não dá para esquecer o velho Jack no cantil prata. Sem gelo, esquenta o peito e anuvia a mente. Não importa o gosto etílico, a identificação pelas notas musicais sucumbe quaisquer diferenças.
Os cabelos grisalhos são maioria. As mulheres assumidas de juba clara são lindas. Algumas de fios enrolados se cacheiam e deixa-os despencarem orelha abaixo embelezando o contorno da face. Cortes bem curtos combinam com os sorrisos largos ou o semblante sério daquelas que assim os adotam. Independente do penteado, são mulheres fortes que carregam a ternura do feminino e, simplesmente, encantam.
Os homens, graves, fazem notas grossas nos cantos. Baixam os tons e trazem alegria e descontração. Soltam piadas espirituosas, inventam solfejos arrojados, tocam instrumentos... Não menos grisalhos, trazem cortes rente ao couro, o que os deixam mais sérios do que parecem. O riso solto depois de algumas doses preenche o espaço com leveza.
Às vezes, por qualquer motivo, seja a festa de uma aniversariante, um encontro casual na sala de estar de alguém ou uma apresentação do Coral da Marilu, a farra é consentida. Haja madrugada para acalmar as cordas vocais que não se cansam. Não há tempo que estreite os dedilhados do violão. Enquanto isso, as platinelas do pandeiro batem entre si dando ritmo ao acaso.
Aí, a energia se transforma em pura conexão. O estado de êxtase circula a roda. Os timbres se harmonizam. Os sons perpetuam o instante. Cada qual, indivíduo único, penetra a aldeia cósmica da fruição e dá a sua parte como presente uns para os outros. A névoa do bem estar faz como neblina circundando todos e cada um. Toca as almas que transcendem hora e lugar. O deleite se estende em um grande abraço de vozes em uníssono. Como um todo único, aos céus e à terra, são ofertadas, para além das cantigas, a esperança e o desejo comum do estancar desigualdades tão latentes.
Assim, a vida! Viva a música...
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