O FORMIGA
- Gielton

- 5 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: há 5 horas
Gielton

Às vezes a vida junta pessoas que nunca se encontrariam… e dá nisso.
Estamos no Jalapão. Desta vez, em uma expedição com jovens de diferentes partes do Brasil. Diferentes profissões, diferentes formas de ser e de ver o mundo. Certa apreensão contamina o ambiente. Em uníssono, todos, com pequenos desvios, reverberam por dentro: Quem são? O que fazem? O que pensam?
Estranho viajar com gente estranha. A Hilux é muito confortável, apesar da estrada cheia de costelas fazer tremer até o pensamento. O silêncio que se espalha em seu interior parece prender a si mesmo. Como se soltar alguma palavra fosse abrir alguma seara labiríntica de incertezas.
Pelo menos, a música é boa, a meu ver. Elogiei o condutor - guia e DJ do dia - quebrando o primeiro encanto.
Tateando como cegos as auras alheias, percebendo nuances, sintonias e estranhamentos, fomos rompendo o feitiço entre almoços tímidos, conversas tortas, fervedouros e trilhas, sem perceber.
Ninguém sabia, mas, naquele dia, o inesperado estava por vir.
Distraídos, descemos um descampado por uma trilha que não parecia levar a algo tão surpreendente. Assim, como que, de repente, surge uma cachoeira de águas verdes com um tom levemente escuro. Tão cristalina quanto nossos olhos podem ver. Talvez o verde da vegetação reflita sua energia sobre as águas, deixando-as tão alegres quanto somos capazes de captar. E isso nosso grupo captou. Desceu uma leve cortina de benquerença para nos conectar.
Sem perceber, fomos levados ao tronco estacionado no canto do poço. Era a natureza brincando com a gente. E rimos. Ali, entre a correnteza que nos puxava e a água que dissolvia “faltas de graça”, os papos começaram a brotar: filhos, netos, mães, pais — histórias simples que aproximam o humano do humano. Assim, os sorrisos estampados em todos os rostos eram um sinal de que algo diferente estava acontecendo.
Parece que o bem-querer nos tomou e que não viemos para esse passeio juntos por acaso. Aliás, nada é por acaso. Como se o motivo do nosso encontro fosse revelado pelo rio Formiga. E aí, meu caro, não importa quem são, o que fazem ou o que pensam.
Nos presenteamos com fotos e mais fotos para celebrar essa sintonia mágica. Em sincronia, após a contagem, mergulhamos juntos, enquanto o clique frenético da GoPro condensava as luzes de cada um no filme. Aquele mergulho guardou na memória um instante mágico: éramos, afinal, apenas seres de luz, pontinhos brilhantes vistos do céu.
Assim, a vida! Viemos para transformar uns aos outros.



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