MISTÉRIOS DO LIVRO AZUL 11|14 — OLHOS
- Gielton
- 12 de nov. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 29 de nov. de 2023
Gielton

Voltou para casa quase flutuando. Em estado de êxtase, não por excitação, mas por um flutuar de bondade de um coração inchado de alegria, ouvia distante a canção do rádio. Ela dizia sobre a "luz do Sol que a folha traga e traduz". O caminho de volta foi como uma descida dos céus.
Junto a Clarisse, desinfetaram calmamente peça por peça, sacola a sacola. Enquanto carregavam e descarregavam compartilhou com ela sua experiência. Contou-lhe detalhes. Clarisse acolheu. Devolveu palavras de bem querer. Engrandeceu sua atitude. Sentia se de fato feliz pela transformação de seu marido. Algo de bom prenunciava.
Nesse dia, foi tomar seu primeiro copo de cerveja já bem tarde. Não resistiu e abriu uma atrás da outra, trocando o sono da tarde pela noite embriagada.
Enamorados no banho a dois, antes de dormir, Clarisse olha para Moacir assustada.
— Seus olhos estão vermelhos fumegantes.
— Como assim?
Perguntou Moacir.
— Isso. Parece algo dentro de você que não é você.
— Não compreendo.
— Estou com medo.
A noite foi perturbada. Moacir não se lembrava dos sonhos que teve. Acordou cansado, como se tivesse sido sugado por um canudinho na nuca. Havia algo de estranho acontecendo. Algo fugidio. Algo que escapava pelas brechas do pensamento.
Moacir quase explodia internamente de tanta antinomia. Não cabia em seu peito a paz que sentira no dia anterior com a expressão furiosa do olhar e o medo de Clarisse naquele banho quente e afetuoso.
<Imagem gerada por Inteligência Artificial>
Comentários