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MISTÉRIOS DO LIVRO AZUL 8|14 — O LIVRO

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 5 de nov. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de nov. de 2023

Gielton



Faces da mesma moeda



Havia, no entanto, um livro. Esse fora indicado por um fisioterapeuta amigo do casal. De capa azul e linhas amarelas em forma de ondas, tratava das vibrações emanadas pelos humanos. Dizia sobre a sintonia de vibrações semelhantes, na qual, as mais altas trazem harmonia e paz. As baixas... Moacir enveredou-se por essa leitura.


Moacir passou a viver extrema contradição interna. Pela manhã deitava-se sobre o piso duro para sentir a energia em forma de vibração. Depois de um tempo em auto observação percebia todo o corpo como um único. Conectava de uma só vez a todas as células e órgãos. Atingia um estado de paz interior indescritível, tamanho o bem estar que pairava sobre si mesmo.


Voltava de sua sessão meditativa outra pessoa. Centrada, estruturada como se os alicerces da vida estivessem sobre terrenos sólidos, firmes... Clarisse encantava-lhe novamente. Seus lábios, vibrando em pequenas frases, aflorava uma paixão dos velhos tempos de mocidade. Sentia-se inteiro e integrado aos movimentos da casa. Limpava um banheiro daqui, varria uma sala acolá. Adotou a cozinha. Primeiro os pratos, depois os talheres e por fim as panelas. Tudo muito ordenado no escorredor.


Relutava em abrir a primeira lata, até ouvir o "stleche" da alça. Dali em diante era como se fosse tomado por uma força maior do que o tamanho de sua capacidade de reagir. Moacir se entregava de novo ao ócio, ao prazer da aparente fluidez que o álcool trazia. Perdia o parâmetro de bem estar e arrastava a tarde. Clarisse até o acompanhava nas primeiras, mas logo deserdava. Moacir seguia sozinho sua sina de bebedor. Havia muito prazer conjugado naquela espécie de "deixe a vida me levar, sem muito pensar".


É fato que as discussões diminuíram. As tolerâncias aumentaram. Os afetos tornaram-se objetos de cordialidade. Moacir e Clarisse amavam-se mais, apesar dos não ditos continuarem não ditos. A aposta no amor firmada na juventude estava ainda de pé, apesar da árdua construção. A casa sobre alicerces de base firme até podiam balançar, mas não tombavam. Ainda eram mais companheiros do que adversários.


<Imagem gerada por Inteligência Artificial>

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Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

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