AMANTES DO MAR
- Gielton
- 2 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mai. de 2023
Gielton

Subimos sós as dunas. A areia fina nem tão quente estava. Do alto, no horizonte, os olhos encontram o mar, lá ao fundo em degradê de verdes, após a vegetação.
Apesar de crescido é uma criança. Seus bracinhos ainda não abraçam a prancha, por isso ela vem comigo. Carrego a mais na mochila o baldinho com pazinhas e moldes. Vim preparado para entreter o menino. Enquanto isso, pulula pra lá e para cá. Corre, rola na areia, volta e pergunta:
— Vô, o que é duna?
Nem precisei explicar. Estava ali, diante de nós, aquele areal ondulado em cumes e vales. São as dunas de Itaúnas.
Minha ansiedade crescia à medida que a praia se aproximava. Queria ensinar meu neto a pegar ondas como fiz com os filhos. Nada de surf, jacaré mesmo. Coisa que só mineiro amante do mar conhece.
De repente, me veio que a maré deveria estar alta nesse momento:
— José, vamos primeiro brincar na areia, tá? O mar ainda está bravo!
As águas nem tão alta estavam e, no raso, marolas fraquinhas quebravam fazendo cócegas nos pés. Acho que dá.
— Vamos, José, pegar as ondas?
— Não vô, vamos brincar na areia.
— Mas, o mar está gostoso, sô!
Topou, mas o medo na cara estampava sua feição. Não deixou as águas ultrapassarem a canela. Respeitei. Fui cuidadoso. Demos as mãos e avançamos só um pouquinho. Senti sua aflição com o aproximar da onda quebrada. Brincou receoso na prancha quase arrastando na areia, bem a menos que idealizara. Mesmo assim, curtiu como uma criança de quatro anos.
Dois dias depois, da janela aberta para o mar o vi, com seu pai, à vontade, livre e solto, mergulhando, socando, pulando as ondas. Senti o prazer do meu filho orientando o dele a ganhar velocidade junto à espuma das ondas.
Como se faz nas primeiras pedaladas, empurrou meu neto por cima da ondinha e soltou a prancha que deslizou entre as águas com a criança em urros de satisfação. Os sorrisos refletiam o entusiasmo e júbilo de ambos. O menino parou, desceu, segurou a prancha com as duas mãozinhas e retornou correndo ao mar. Era o ato de quero mais...
Voltei no tempo! Assim fruía com os meus, anos atrás. Agora é a vez deles com os seus.
De longe, o peito inflado e o nó na garganta despem a emoção. Olhos em lágrimas encontram o lugar de avô!
Assim, a vida. Incitando o esbarrar consigo.
Parabéns vovô Gielton, que delícia assistir o filho e o neto e se encantar com a alegria de tê-los juntos logo ali ao sabor das ondas sal tirantes. Só alegria ao som de um grito de prazer e encantamento.