LÍNGUA, OH LÍNGUA
- Gielton
- 15 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mai. de 2023
Gielton

Línguas lânguidas se emaranharam e o tesão ardente subiu dos pés às partes. Desceu do sussurro ao pé do ouvido até entre as pernas. Aquele beijo era apenas a preliminar das preliminares. Dos amantes, nem te conto onde mais as línguas perpetraram.
Nem percebemos, mas a língua se estica para receber a colherada. É o começo do saboroso lamber os beiços, ou dissabor do tempero apimentado. Há quem goste! De garfo em garfo conduz a vianda a preencher o vazio da fome. Em muitos esse vácuo é rotina...
Essa tramela fala, dá dicção e sotaque. Respeita territórios e reafirma convicções. Deita-se sobre a boca ou enrola-se no céu para pronunciar. Vibra para "ra", relaxa-se para "pa", mas trava quando a frase é dita rapidamente. Nem tempo de ir e vir tem, para no frigir, exprimir espremendo-se aquilo que deveria ser dito. Os línguas presas que o digam!
Há quem tem a língua tão comprida que após a morte precisará de dois ataúdes. Um para a pessoa e outro para a própria língua. Dizem as más línguas que esse tipo de gente é língua de cobra e não mede em colocar a língua nos dentes. E mais, suas línguas afiadas cortam como facas. Detalhe, para os dois lados.
Ai que ardência quando se queima a língua no café quente na beirada da xícara esmaltada. Os línguas de trapo dizem que não esquenta. Mentira pura de perna curta e língua de fora para zombar do bobo que acreditou como pateta.
De tudo que ela dá ou tira "pagar língua" é o mais lucrativo. Não necessita poupança, basta humildade. Exige reflexão e mudança de ótica. Alterar ângulos. Abaixar ou inclinar para que os mesmos olhos enxerguem o que antes era sombra. Acionar outros sensores e fisgar a velha rigidez escondida no fundo do baú.
Às vezes é preciso apanhar. Tipo, socos que a vida dá. Manter o discurso e a ação costuma piorar as coisas. Ficar na berlinda é sinal. Percebe quem quer. O preço pode ser alto e na queda a decepção pode esmagar a língua. Para tudo há paliativos, mesmo para língua mordida.
Mas, se reconhece o erro e transforma, a evolução é certa. O caminho se abre em trilhas inimagináveis. Abranda o custo que agora cabe no bolso, na mente e na consciência. Aí, sai barato pagar língua!
Assim, a vida! Quem nunca pagou língua põe o dedo aqui (que já vai fechar).
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Rindo aqui de minha expectativa de ler um texto erótico as 8h, de um dia em q acordo c dores no joelho. Destaco "tesão ardente subiu dos pés às partes", maravilhoso heimmm
A partir do 2o parágrafo, as palavras cederam espaço ao humor. Muito bom! Gostei das construções em cada linha.