MARATONA
- Gielton
- 18 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Gielton

Hoje é feriado. Aí a gente pensa: o trânsito deve estar mais tranquilo. Podemos sair de casa sem grandes antecedências. Certo?
De fato, chegamos relativamente rápido. O frentista que nos atendeu na parada para abastecimento era lento toda vida. Quase girei a manivela da maquininha do cartão para acelerar o sinal. Não entendi: os estacionamentos da linha verde estavam lotados. Estranho! Ah, sim, o feriadão! Espero que haja vaga no aeroporto.
Esses minutos roubados ficarão para sempre. Calma, sem pânico, pensamento positivo: vai dar tudo certo! Só que o tempo, às vezes, nos pega por trás e, como um golpe de judô, quase nos nocauteia.
A cancela automática do estacionamento tinha que emperrar logo agora? Vixe, vou tentar o Premium, o dos magnatas. O quíntuplo do preço. Fazer o quê? Mesmo defeito. Que saco essa tecnologia. Sorte a nossa! A fila de carros era pequena quando a portinhola se abriu. Paramos na "casa do caralho" e caminhamos apressadamente. Calma, vai dar tempo!
A fila do raio-x estava gigantesca. Olhei aquela cobra em ziguezague de gente e intuí: vai faltar tempo. O embarque encerra em 10 minutos. Se eu tivesse um super Bonder aqui corria agora naquele relógio da parede e colava os ponteiros. Aí sim, ficariam agarradinhos no tempo. Agimos rápido. Passamos para a fila de prioridades e avançamos até seu início. Os primeiros autorizaram e passamos na frente de todos. Ufa!
O painel indicava portão 32, o penúltimo. Me senti na maratona. Fui no trote puxando a mala feito burro e carroça, desviando de pessoas, crianças e casais. Tentei ritmar a respiração mesmo com o joelho doendo levemente a cada impacto. Lembrei dos velhos tempos que corria 10 km com Zé Pequeno, nosso cão companheiro. Quem sabe o tempo volta!
Só percebi que não estava bem quando avistei a atendente. Bufava feito urso e mal conseguia falar. Minha mulher chegou logo em seguida com os bilhetes digitais e as mãos trêmulas ao celular. O QR Code quase pulou para fora da tela.
A porta do avião, ainda aberta, foi como a bandeirada de chegada. Mal tive força para encaixar as malas no compartimento e estatelei na poltrona.
Acredita que teve gente chegando depois da gente?
Assim a vida! Pregando peças sem aviso prévio.
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