top of page

ATO DE AMOR

  • Foto do escritor: Gielton
    Gielton
  • 14 de fev. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de mai. de 2023

Gielton






Não havia motivo aparente para aquela manhã. Seria uma como outra qualquer. O dia pouco amanhecia. Parcas luzes perfuravam a fina cortina da ventana. Semelhava madrugada.


Algo os inquietava. No leito, agasalhados do frio, movimentaram lentamente em direção ao encontro. Encontro de corpos que ardem e desejam, mesmo ainda letárgicos.


Toques sutis de mãos muito leves ativam hormônios adormecidos. Escondidos nos recônditos dos caminhos atravessados, afloram como o desabrochar de uma rosa. Vermelha, provavelmente. Quente cor que rosa a face e acelera os batimentos.


Como em espasmos involuntários contraem troncos e dorsos em busca de minúcias que irradiem sensações pulsantes. Lábios se fundem em beijos "calientes". Suaves mãos sobre rostos macios ampliam o rastro da leveza. Flutuam como plumas! Não há pressa. Não há urgência! Perpetuam, por instantes, esse romance preliminar de quem conhece a esfera do prazer.


Hora de adentrar um no outro. Tornar-se uno, apesar de cada um continuar ser a si próprio. Algo no campo do inexplicável, do indizível. Ele aproxima-se do portal e lentamente submerge. Desliza pelas paredes úmidas em um contato macio, sem entraves. De dentro, se acomodam.


Detalhes são ampliados como em um super microscópio de sentidos. Os pés dela sobre sua panturrilha lhe conferem um estar terreno. Dele, as mãos em torno das ancas transmitem fome de pegada. Cada milímetro de pele responde com um turbilhão de sinais. Envoltos um no outro se desconectam do mundo real.


Assim, vão, em um vai e vem de ritmo próprio que atende mutuamente aos dois. Não é preciso pensar, não há raciocínio. Tudo se encaixa. Os tempos congruem. Não se ouve o ranger da cama. Não se percebe a claridade da janela. Tudo é um só. Há paz. Há acoplamento. É possível tensionar relaxadamente e buscar calmamente o auge. Esse sim, vem em conjunto, a uivos que se alongam. Eternizam no inconsciente. Dissipam-se na respiração ofegante. Até...


Não é mais preciso ir e vir. Chegaram, em sincronia, ao espaço do amor pleno, em conexão direta com os céus.


Assim, a vida!


Imagem do post em <https://pin.it/1zovlSB>


Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Textos - Gielton e Lorene / Projeto gráfico - Dânia Lima

  • Ícone de App de Facebook
  • YouTube clássico
  • SoundCloud clássico
bottom of page