NOVO JEITO DE AMAR
- Gielton
- 13 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mai.
Gielton

Eles não sabiam, mas estavam prestes a descobrir um novo jeito de amar…
Andavam grudados, agarrados um ao outro. Assim foi, desde o primeiro encontro até após muitos e muitos anos de casados. Dormir juntinhos e agarradinhos era o jeito único de ser do casal. Produziram muitas conchinhas. Lógico, na madrugada se desligavam. Afinal, sonhos são vivências próprias.
Escolheram profissões que lhes permitiam viajar juntos. Reuniam as crianças nas férias escolares e "cascavam fora" para as praias de Minas Gerais. Quem não conhece os mares no entorno de Belo Horizonte?
Hoje, a síndrome do ninho vazio, recheou o bolo da vida com calda e coberturas saborosas. Ele se aposentou, mudou-se para um canto de terra nos arredores da capital e a convidou. Ela, ainda presa à venda da "mais-valia", declinou o convite e permaneceu na antiga morada, apenas nos dias "úteis".
Eram agora um casal "moderninho": casamento híbrido. Ah, se a "moda pega" nesse modelo referência da pós-pandemia? Sei não!
No caso deles, o semipresencial vai indo. Igual a surpresa ao abrir um presente, sentimentos jamais imaginados são revelados. Como somos presos a molduras criadas por nós mesmos!
Chamadas de vídeo são atendidas em plena terça. É certo, que chegam na hora do disponível, já passado algum mau humor de qualquer energia ruim do dia.
Olhares e afetos são transmitidos. A câmera do smartphone revela uma beleza para além dos olhos. Acolhem-se mutuamente nos dramas de cada um. Há maciez e serenidade. Há disponibilidade no ouvir e desejo na língua.
Como antigos namorados, após horas de encontro à distância, despedem-se. Cada qual abraça o travesseiro do outro e o sono que vem é aquele que lhes cabe.
A saudade bate forte quando a sexta-feira se aproxima. O desejo do encontro se expande do tamanho da montanha à frente, vista da janela. Ele a espera de portões escancarados.
Na nova casa, esbarram os cotovelos sem rusgas. Da cozinha, cúmplice de parcerias culinárias, nascem banquetes a quatro mãos. O ronco da furadeira é sinal de entrega e contentamento a cada novo quadro pendurado. Ele lê para ela sua última crônica antes de ligarem a Netflix.
Mais tarde, o ranger da cama se mistura ao som do prazer quando, como em um passe de mágica, tornam-se um novamente.
Assim, a vida! O inimaginável agora é realidade.
Que delicia deve ser possuir tantos talentos!!! Adoro esse transbordar de afeto!